Espírito guerreiro, grupo fechado, patriotismo. Melhor zaga do mundo, contra-ataque poderoso. Treinos secretos, jogadores blindados. Campeão da Copa América, Campeão da Copa das Confederações, esculachos na Argentina e liderança nas Eliminatórias da Copa. De nada adiantou, o Brasil caiu nas quartas-de-final mais uma vez, perdendo o jogo na bola parada. Passou em primeiro no grupo, meteu 3 a 0 nas oitavas e voltou pra casa logo em seguida, igualzinho 2006, a Copa do fracasso.
Fico meio envergonhado de não ter previsto isso, ou melhor, de imaginar que isso pudesse acontecer, mas mudar de ideia durante a Copa, empolgado não sei por quê. Os sinais eram óbvios: seleção sem banco, estrelas em má fase, time sem saída de bola e um marginal pedindo pra ser expulso. Acho que confiei demais na zaga, mas futebol não é só isso.
Estou mais puto do que triste com a eliminação. Não me diverti de verdade em nenhum jogo do Brasil, a não ser em lances isolados contra Costa do Marfim e Chile. O sentimento é de ter jogado uma Copa em vão, não serviu absolutamente pra nada, apenas para ver que a renovação é necessária e a teimosia não tem mais vez na seleção. O povo tem sempre razão. Péssima Copa do Daniel Alves, medíocres atuações do Michel Bastos, omissão do Robinho… Ramires, o único sub-23 da seleção, chegou com vontade e pediu lugar, mas por falta de experiência dele e de bom senso do Dunga, ficou fora. Ficou a impressão que se tivesse mais moleques na seleça, o time jogaria melhor. Nome conta muito, mas o momento não pode ser desprezado.
Em 2002, o Felipão levou Gilberto Silva, Kléberson e Kaká, todos recém promovidos ao futebol profissional. Os 2 primeiros deram conta do recado. Este ano, a Alemanha conta com Ozil e Muller, dois meninos, e estamos vendo o que eles estão jogando.
Espero que o trabalho para 2014 resgate a essência do futebol brasileiro, de drible e toque de bola, sem perder a objetividade. Que se encerre os discursos moralistas e envolva o povo na escolha dos jogadores. Essa é uma Copa para o Brasil brilhar, tanto em campo, quanto na arquibancada, mas com a premissa de passar uma boa imagem para o mundo, diferente do pisão do Felipe Melo, dos berros do Robinho e do técnico abandonando seu grupo no apito final. Se for campeão, melhor ainda.